O economista chefe do Standard Bank Angola (SBA), Fáusio Mussá, afirmou que a alta inflação e o desemprego elevado continuam a impactar negativamente no custo de vida e na economia como um todo apesar de um aumento do salário mínimo em Junho.
Fáusio Moussa advertiu sobre o risco de o país não transformar o dividendo demográfico em um pilar de sustentabilidade e destacou a possibilidade de o crescimento económico angolano permanecer abaixo do objectivo de 3% até 2027, conforme o Plano Nacional de Desenvolvimento (PND 2023-2027), devido a pressões cambiais e fiscais e a um investimento moderado.
O também representante do Standard Bank na República Democrática do Congo (RDC), Moçambique e Angola fez estas observações durante a apresentação do II Briefing Económico de 2024.
“Com uma população de 35 milhões, dos quais 19,6 milhões têm 15 anos ou mais, e uma população economicamente activa de 17,4 milhões, o emprego formal é muito reduzido e o desemprego atinge 32% da população activa. Com uma educação de fraca qualidade e sem grande capacidade de geração de emprego, o dividendo demográfico é desperdiçado”, afirmou Fausio Mussá.
Apesar de um crescimento do PIB de 4,6% no primeiro trimestre deste ano, impulsionado pelo sector petrolífero que cresceu 6,9%, o responsável alertou que a economia angolana ainda enfrenta desafios significativos.
O crescimento do PIB não-petrolífero foi de 3,9%, mas a dependência do sector petrolífero permanece alta, representando cerca de 95% das exportações, mais de 50% das receitas fiscais e aproximadamente um terço do PIB.
A previsão do SBA para o crescimento do PIB em 2024 mantém-se em 2,3%, com Fáusio Mussá a descrever os pressupostos de crescimento do governo como “optimistas”.
Oferta de divisas
O economista enfatizou a necessidade de níveis adequados de oferta de divisas para que a economia não petrolífera funcione eficazmente.
No sector externo, Angola conseguiu manter a conta corrente da balança de pagamentos excedentária, com previsões de um excedente da balança de transações correntes de 5,9% do PIB para 2024, suportadas por preços favoráveis do petróleo. Contudo, a política monetária continua a ser restritiva, com taxas de juros reais negativas e uma inflação de 30,2% em Maio deste ano a nível nacional, e 41,5% cm Luanda.